Quem nunca brincou de gangorra quando pequeno? Talvez boa parte da nova geração que já nasce “conectada”, não. Mas vamos lá…
Como estamos em tempo de Pandemia e milhares de coisas que não deveriam ser pauta (politicagem, declarações e aberrações vindas de quem deveria estar preocupado em salvar vidas e planejar medidas concretas e buscar soluções), vamos usar essa gangorra como método simples para entender a equação do isolamento, contaminação e mortes.
Torna-se repetitivo tentar explicar para alguns que como uma gangorra, quanto menor for a adesão ao isolamento social, maior a disseminação da doença e com ela vem o colapso e as mortes. Se uma desce a outra sobe, é simples. Se o isolamento social subir a disseminação desce. Uma explicação bem simplista, mas bastante didática.

Hoje em São Paulo, após dias de quedas na adesão ao isolamento chegamos ao ineficiente número de 46% de confinamento. Não bastasse o já desespero sanitário, os números demonstram que a doença está rapidamente se expandindo para o interior e litoral paulista. Preocupação antiga das autoridades e especialistas que estão apertando as medidas de isolamento.
PUBLICIDADE
A capital paulista já é epicentro e transformar o interior e litoral em novos epicentros seria catastrófico. São cerca de 3.600 mortos só em São Paulo. No país, ultrapassamos os 10.600 mortos. Isso sem mencionar a absurda subnotifcação dos casos devido a baixíssima taxa de testagem. Segundo dezenas de especialistas, os reais números estão no mínimo 10 vezes maiores que os notificados.
Um fenômeno que no Brasil é crônico e que agora está apenas se provando é de que a desigualdade social e econômica define quem vive e quem morre. Nas áreas de maior renda, a relação entre quantidade de infectados e mortos tem um abismo de distância em relação às áreas mais populosas. Nas periferias, entre o percentual de infectados, a taxa de óbito é absurdamente maior.
Ou seja: pobre se infecta, não tem acesso a leitos hospitalares e morre. Rico se infecta, porém tem acesso a leitos hospitalares e muitos sobrevivem.
Dos leitos de UTI existente no país, 25% deles estão em São Paulo. Note que 1/4 dos leitos estão centralizado em um único estado, o mais rico, e que já está admitindo estar colapsado.
A interiorização do vírus no país só aumentará essa disparidade. É fundamental a ajuda da rede particular de saúde à rede pública de saúde, que luta bravamente com o que tem. Vamos reconhecer esse esforço e a importância de uma rede de saúde pública mais robusta, fundamental num país onde metade da população não ganha mais que um salário mínimo por mês.
– Segundo dados do último levantamento do IBGE (2019), o menor valor domiciliar per capita R$ 635,59 equivale a 44,1% da média nacional e 63,6% do salário mínimo –
Para que a cooperação privada possa acontecer é preciso ter acesso aos números concretos da saúde pública e nem o ministério da saúde os tem. Despreparo, dificuldade de administração e contabilização. O ministro Teich já demonstrou não ser tão favorável á utilização dos leitos particulares pela rede pública, porém entende a necessidade de se negociar essa colaboração.
Enquanto a população não entender a necessidade do isolamento social a situação só se agravará.
Já que o Brasil não tem presidente, sejamos nós os salvadores da pátria.
Renan Aversani
PUBLICIDADE
[…] Lockdown está a cada dia mais próximo em São Paulo, já que ninguém se conscientiza e como Uma gangorra perigosa, o isolamento meia boca eleva os números da […]