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A comemoração e a busca por mais

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A comemoração e a busca por mais; Dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é comemorado em mais de cem países e comemora conquistas, mas ainda é marcado por protestos por mais direitos.

Por Andreia Alevato

Em fevereiro de 1909, o Partido Socialista da América organizou uma série de manifestações na cidade de Nova York. O que se queria com os atos: a validade do voto feminino e a igualdade dos direitos civis entre homens e mulheres. A partir daí, o movimento se espalhou pelo mundo, em datas diferentes. Só em 1975, a Organização das Nações Unidas ressaltou a importância de direitos iguais, independente de sexo, e instituiu em 8 de março o Dia Internacional da Mulher. Comemorado em mais de cem países, a data comemora conquistas, mas ainda é marcado por protestos por mais direitos.

Já conquistamos muito. Podemos votar, usar calça comprida, minissaia ou a roupa que nos convém; podemos trabalhar e ocupar qualquer cargo; ter filhos e bichos, estudar, sair pra dançar, ter ou não vaidade, gostar de meninos, de meninas ou dos dois; podemos escolher ser mãe e cuidar da casa ou ter jornada dupla, sem julgamentos – ou assim deveria ser.

Ocupamos o lugar que acreditamos ser nosso. Conquistamos leis e direitos. Muitas mulheres apanharam e foram mortas para termos uma lei que pune – ou deveria punir – homens que violentam, de alguma forma, outras mulheres; muitas foram humilhadas para termos o direito de decidir quem nos representa no Executivo e Legislativo; outras tantas foram ridicularizadas por batalharem pelo sustento de sua família.

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Desde 1909, conquistamos muito, mas um muito que ainda é pouco. Pouco porque, apesar de lei, os números não são tão altos ou favoráveis. Ainda somos ridicularizadas e humilhadas quando tentamos denunciar um abuso – o caso da deputada de São Paulo, Isa Penna, é prova disso. Ainda é pouco o que conquistamos porque o salário de uma mulher corresponde entre 64% e 99% ao de um homem em todos os estados brasileiros.

Ainda é pouco o que conquistamos porque, numa entrevista de emprego, para 75% das candidatas é perguntado sobre filhos. É pouco porque, a cada 2 minutos, uma mulher é agredida ou  morta no Brasil. É pouco porque não somos fortemente representadas na política e porque o Ministério da Mulher, hoje comandado por uma mulher, ainda enxerga a figura feminina como um ser inferior a masculina.

Já conquistamos muito, mas a maior conquista será quando, de fato, a sociedade não enxergar apenas um gênero e sim, a força da mulher; não a força física – isso é indiscutível que o homem tem mais força bruta; falo de força mental, de energia, de amor, de interior, de beleza (sim, toda mulher é linda, se não no todo, é em algum detalhe), de empoderamento, de pertencer a qualquer lugar, de poder escolher entre ser casada ou solteira, ser ou não mãe.

A maior conquista é quando deixarmos apenas de ser Eva para o deleite de Adão ou Maria, que pariu Jesus; quero ser muito mais que Amélia, que era de verdade porque não tinha vaidade e aceitava tudo que era imposto pela sociedade machista. Que o mundo nos dê o espaço que merecemos, porque somos meninas, anjos, moças, feras, filhas, mães, pais, trabalhadoras e arrimo de família. Somos muitas e somos únicas. Somos mulheres.

Hoje comemoro todas as conquistas até aqui, mas sem me esquecer de continuar a buscar mais e mais. Feliz dia!!!

Andreia Alevato é jornalista, professora universitária, filha, irmã, amiga, mãe de pet e mulher brasileira.

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