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Witzel diz quem é o “dono” dos hospitais do Rio

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Em depoimento prestado nesta quarta (16) na CPI da Covid, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel levantou suspeitas sobre a gestão dos hospitais do Rio.

O depoimento do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afastado do cargo por suspeitas em esquemas fraudulentos na área de saúde do estado, na CPI da Covid foi barulhento.

A base governista compareceu ao depoimento e fez o que eles sabem fazer, atrapalhar. Carregada de ofensas e discursos acalorados, as falas de senadores governistas deixou Wilson Witzel irritado, que deixou o depoimento – amparado por um hábeas corpus.

Durante sua defesa Witzel levantou suspeitas sobre a gestão dos hospitais federais no Rio de Janeiro. À CPI, em público, Witzel disse que os hospitais “tem um dono, e esta CPI pode descobrir quem é o dono”.

Depois, em privado, afirmou que o dono é Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ). O ex-governador insinuou que filho do presidente manda e desmanda, inclusive indicando fornecedores.

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“O dono é o Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ)”.

Wilson Witzel

Flávio Bolsonaro estava presente durante sessão da CPI e entrou em atrito com o depoente. Os dois discutiram durante o depoimento. Enquanto o senador acusou o ex-juiz de usar a comissão como palanque político, Witzel chamou Flávio de “mimado” e acusou o governo federal de perseguir governadores e interferir no enfrentamento da Covid.

Witzel ofereceu para a CPI diversas “deixas” e iscas para a investigação de supostos desvios na rede federal hospitalar do Rio. A subjetividade de Witzel foram consideradas importantes pelo presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM): “Muito senadores governistas clamam por investigações de desvios de verbas federais. Está aí um bom caminho”.

Horas depois do ex-governador revelar o nome de Flávio Bolsonaro (que não causou surpresa para quem conhece as entranhas da política carioca), a defesa do ex-governador Witzel pediu à CPI que providenciasse segurança para ele. 

O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que a comissão irá solicitar escolta para o ex-governador.

Caso Marielle e as milícias

Ex-governador do Rio afirmou também durante seu depoimento que seu desgaste com Governo federal começou quando mandou investigar caso de vereadora assassinada no Rio, Marielle Franco.

Ex-aliado do presidente, Witzel deu a entender que teria mais informações sobre as investigações da Polícia Civil no caso do depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, que, inicialmente, afirmou que um dos acusados do assassinato visitou a casa do presidente. O porteiro mudou sua versão dos fatos, supostamente após ter sido intimidado. “Só posso responder se a CPI adotar segredo de justiça, porque os fatos são graves”, afirmou o ex-governador ao pedir que isso fosse feito em uma sessão à parte.

Foi o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que trouxe o tema das milícias para dentro da crise da covid-19 ao questionar Witzel sobre a atuação desses grupos paramilitares contra as medidas de distanciamento adotadas no Rio. O ex-governador confirmou a atuação das milícias, lembrando que o fato chegou a ser noticiado pela imprensa. Em abril de 2020, reportagem da TV Globo mostrou como comerciantes estavam sendo obrigados por milicianos a reabrir seus negócios para que pagassem taxas. O ex-governador afirmou que revelará, em reunião sigilosa que será pedida por Rodrigues, um fato gravíssimo, que envolve a intervenção do Governo federal. A CPI votará na próxima sexta-feira, 18, a realização de uma sessão secreta para ouvir Witzel.

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