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Wilson Witzel afastado e Pastor Everaldo preso. Entenda situação política no Rio

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Governador Wilson Witzel afastado e o pastor Everaldo preso, expõem a guerra política no Rio e a corrupção estrutural no estado. Entenda o que aconteceu nesta sexta-feira (28), movimentada.

O Superior Tribunal de Justiça afastou o governador do estado do Rio Wilson Witzel por 180 dias. O STJ também aceitou a denuncia contra a primeira-dama Helena Witzel e mais sete por irregularidades na saúde, entre eles o Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC que foi preso na manhã desta sexta.

O afastamento do governador foi determinado pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por denúncias de irregularidades na Saúde. Não há ordem de prisão contra o governador. A denuncia partiu da Procuradoria Geral da República (PGR).

A Operação Tris in Idem que afastou o governador é desdobramento da Operação Favorito e da Operação Placebo e da delação premiada de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde preso pelas denúncias de corrupção.

Witzel afastado

O afastamento foi uma determinação do ministro do STJ Benedito Gonçalves, que apontou em sua decisão que o Ministério Público Federal (MPF) descobriu uma “sofisticada organização criminosa, composta por pelo menos três grupos de poder, encabeçada pelo governador Wilson Witzel”.

Wilson Witzel Pastor Everaldo
Foto: GloboNews

A suspeita é de que o governador tenha recebido, por intermédio do escritório de advocacia de sua mulher, Helena Witzel, pelo menos R$ 554,2 mil em propina. O MPF descobriu transferência de R$ 74 mil de Helena Witzel para a conta pessoal do governador.

Por conta dessa suspeita, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pede reparação aos cofres públicos no valor de R$ 1,1 milhão do governador do Rio de Janeiro.

Witzel hoje em entrevista coletiva, alegou que o afastamento de 180 dias é um ataque contra a democracia, pois no final do ano Witzel nomearia um novo procurador-geral de Justiça.

“Afastamento de 180 dias? Por quê? Em dezembro eu tenho que escolher o novo procurador-geral de Justiça. Isso é um ultraje à democracia. Por que 180 dias, se em dezembro eu tenho que escolher o novo procurador-geral de Justiça?”

Wilson Witzel em entrevista coletiva, hoje.

O que podemos verificar é que no Rio de Janeiro, o sistema de corrupção que envolve gabinetes públicos, licitações, milícias e facções criminosas é crônico e instalado nas entranhas do poder.

Pastor Everaldo

Em 2014, foi candidato à Presidência da República, também já foi deputado federal e candidato ao Senado Federal. Três anos depois da candidatura à presidência, em 2017, Everaldo foi citado na delação de um executivo da Odebrecht.

Na época, o funcionário da empreiteira afirmou que a empresa repassou R$ 6 milhões para a campanha do pastor para que ele ajudasse a candidatura de Aécio Neves pelo PSDB

Entre 2016 e 2018, Everaldo também foi companheiro de partido de Jair Bolsonaro. O pastor chegou a batizar o presidente nas águas do Rio Jordão em 2016.

A prisão do Pastor Everaldo foi determinada após a realização de um relatório de inteligência financeira que revelou que o pastor Everaldo realizou a compra de um imóvel no valor de R$ 2.050.000,00, usando valor em espécie para pagar parte do imóvel adquirido.

Além disso, detectou que a empresa EDP Corretora de Seguros, que tem o pastor e seus filhos como sócios, “realizou dezenas de depósitos em espécie, em valor fracionado, de modo a dissimular o total da movimentação, em atividade típica de lavagem de capitais”.

Bolsonaro na reta

Se o mesmo entendimento jurídico, que levou ao afastamento de Wilson Witzel for levado em conta no caso que envolve a primeira-dama Michelle Bolsonaro e Fabrício Queiroz, que segundo as investigações do MPRJ, depositou na conta pessoal de Michelle Bolsonaro um total de R$89 mil reais, o presidente da Republica pode esperar a sua vez.

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Observa-se também o mesmo modus operandi nas práticas criminosas, tanto nas do pastor Everaldo como nas de Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro em sua loja de chocolates, localizada em um shopping Fluminense: “depósitos em espécie, em valor fracionado, de modo a dissimular o total da movimentação, em atividade típica de lavagem de capitais”.

Porém, o jogo político e as tentativas do Governo Federal em afastar o comando das autoridades policiais do Rio que investigam casos de corrupção que envolvem membros e familiares da cúpula bolsonarista, tem se mostrado cada vez mais evidente.

O que Bolsonaro não teme é uma denúncia vinda da Procuradoria Geral da República (PGR), já que Augusto Aras – Procurador Geral da República, atua quase que como advogado particular da família.

Contra o presidente ainda pesam os fatos de as investigações do MPRJ terem verificado diversas movimentações suspeitas como compras de imóveis e lavagem de dinheiro, além de investigações avançadas nos autos que apuram práticas de “rachadinha” e nomeações de funcionários fantasmas nos gabinetes de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, na época deputado federal, deputado estadual e vereador, respectivamente.

A Justiça terá a oportunidade de mostrar se o pau que bate em Chico, também bate em Francisco.

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