Com mais de 40 mil mortes pela Covid-19, o emblemático estádio do Pacaembu teria hoje sua lotação máxima, caso fosse um cemitério.
O estádio do Pacaembu, localizado na praça Charles Miller, um dos mais importantes e emblemáticos estádios do Brasil, tem capacidade para suportar 40.199 torcedores em suas arquibancadas. Curiosamente, hoje o estádio é sede de um hospital de campanha no combate à Covid e caso fosse um cemitério, teria sua lotação máxima pelo número de mortos pela Covid no país.
Com mais de 41 mil mortos registrados e 802 mil infectados pela Covid-19 no Brasil, no meio de uma crise sanitária e econômica de proporções nunca antes vistas e uma péssima gestão por parte do Governo Federal, a Federação Paulista de Futebol (FPF) e os clubes do Campeonato Paulista, em uma atitude no mínimo irresponsável, aguardam o aval do poder público para retomar atividades não essenciais como o futebol, a partir de 15 de junho, como previsto no Protocolo de Retomada Gradual dos Treinos.
Nesta quinta-feira, alguns dos cartolas dos maiores clubes da cidade de São Paulo —o Estado é epicentro da doença no país com mais de 10 mil mortes— juntos ao secretário presidente da Federação Paulista Reinaldo Carneiro Bastos e o presidente do TJD-SP, Delegado Olim, se reuniram com o prefeito Bruno Covas para entrega do protocolo que visa a volta aos trabalhos. Os demais 13 clubes da Série A do campeonato paulista também estão em contato direto com suas prefeituras para a entrega do documento.
Os diversos Sindicatos das Associações esportivas que envolvem o futebol profissional se reuniram por videoconferência. O objetivo foi criar uma mediação pré-judicial para que a retomada gradual aos trabalhos seja segura, tanto nos aspectos de saúde como jurídicos, talvez mais pelo último aspecto.
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Embora por muitos essa decisão seja algo ponderável, e inclusive existam os que citem a Alemanha como exemplo no processo de volta às atividades futebolísticas, precisam rever em que país estão vivendo e como estamos em relação à situação epidemiológica, que segue em amplo crescimento e descontrole. Situação bem adversa a que os alemães enfrentam, visto que foram e são exemplos no combate a Pandemia.
Pão e circo, sempre presentes.
O pão e circo precisa voltar para acalmar os ânimos da platéia e mudar um pouco o foco do cenário? Parece que esse é o plano.
Só o Brasil é capaz de relaxar o isolamento social enquanto os casos da Covid-19 aumentam a cada dia. O Brasil tem nada menos que 802 mil infectados.
O país que quebra recordes macabros em cima de recordes macabros e que já não bastasse possuir um presidente que ignora e negligencía a saúde e suas obrigações como presidente, agora convive com governadores controversos e hipócritas, como o de São Paulo, que embora tenha feito um elogiável trabalho de conscientização da população e tenha lutado pelo isolamento social, revela sua fraqueza ao não suportar pressão empresarial e política.
Os governadores partem agora rumo a uma decadente caminhada pendente à flexibilização da quarentena— no pior momento da pandemia no estado e no país.
O Brasil está entregue ao deus-dará, pior, ao vírus. Além de mundialmente isolado, pois não se tem ideia e nem controle da situação epidemiológica atual no país, já somos rechaçados por diversos países. Ninguém quer ver a cara de brasileiro em seus aeroportos.
Como é que passa pela cabeça de alguém pensar em jogos de futebol diante de mais de 40 mil mortos no país? A curva da pandemia cresce em proporção geométrica em relação à banalização e ao descaso com a vida. Quantos estádios cheios precisarão para contabilizar o número total de mortes?
Brasil, o país do futebol e do Coronavírus.
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