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Ricardo Salles insulta moradores de região incendiada de “maconheiros”

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Ricardo Salles, o “ministro” do meio ambiente, insulta moradores de região da Chapada dos veadeiros, que sofrem com incêndios e devastação, de maconheiros. Até onde vai a audácia, a falta de decoro e de noção do “ministro”?

Parece piada de mal gosto, mas após sobrevoar área incendiada na região da Chapada dos veadeiros em Goiás, que teve cerca de 67 mil hectares destruídos pelo fogo, Ricardo Salles por meio de sua assessoria rebateu crítica dos moradores da região que estão trabalhando de maneira voluntária e apoiando as brigadas de incêndio no combate ao fogo que consome o bioma.

A assessoria do Ministério do Meio ambiente teve a audácia de insultar os moradores da região de “maconheiros”, além de dizer que a opinião deles “não tem relevância” após protesto dos moradores.

“A opinião de meia dúzia de maconheiros não tem relevância”, escreveram, em nota.

Esse absurdo e tremenda falta de respeito, de ética e decoro partiu de meios oficiais de comunicação, o que mais revolta. A nota da assessoria do meio ambiente rebateu as críticas de maneira infantil e insultou os moradores, demonstrando o desprezo com a população e com a lei.

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O protesto da população

O inaceitável se deu após moradores da região protestaram distribuindo plaquinhas pelas ruas de Alto Paraíso com as escritas: “fora Salles”. Segundo uma das moradoras, que não quis se identificar, o ministro chegou à região após semanas de incêndio, se “gabando” do trabalho realizado por brigadistas que, em muitos casos, são voluntários.

“Nós tivemos que fazer rifas, porque não temos verbas, para comprar lanches, combustível para transporte, para dar apoio para a galera que estava atuando no combate. Montamos pontos de apoio, sem estrutura, só com a mobilização de doações, e o ministro chega quando o fogo já estava praticamente extinto, se gabando do trabalho realizado”, disse.

ricardo salles chapada dos veadeiros
foto: Portal norte de notícias

Além disso, outra situação que está revoltando parte dos moradores é a utilização de um “retardante de fogo”, que estaria sendo cogitado o uso na Chapada dos Veadeiros, por parte do ministério, segundo os moradores.

“É um produto que pode afetar a fauna e a flora do local, que já está prejudicado. A galera se mobilizou porque a gente não aceita esse discurso antiambientalista do governo. Aqui temos um senso coletivo muito grande”, disse.

O absurdo, inaceitável.

É inaceitável que um ministério trate o cidadão, pagador de impostos e contribuinte dessa maneira. O governo foi eleito por voto popular, embora trabalhe em prol de interesses corporativos, e deve no mínimo ter maturidade de receber as críticas e ficar quieto. Afinal, críticas devem ser feitas e o poder público cobrado, os moradores estão no seu direito.

Quem não está em seu direito é o atual “ministro” que faz um péssimo trabalho na pasta e tem um histórico de irregularidades e condenação.

Ricardo Salles, para quem não sabe ou finge não saber, já foi condenado em 1ª instância por improbidade administrativa por fraudar processo do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, quando foi Secretário estadual do Meio ambiente de São Paulo.

A decisão de Dezembro de 2018 foi da 3ª Vara da Fazenda Pública da Capital, que determinou a suspensão dos direitos políticos de Salles por três anos, além do pagamento de multa civil em valor equivalente a dez vezes a remuneração mensal recebida no cargo de secretário; e a proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

De acordo com relato da promotora de justiça Miriam Borges, em junho de 2017, Salles era suspeito de participar, no governo estadual, como interlocutor de interesses de empresas, tendo sido investigado em inquéritos policiais por enriquecimento ilícito e advocacia administrativa.

Ficará por isso mesmo?

O que gostaríamos de saber é como que Ricardo Salles consegue se tornar ministro com sua ficha e com seu péssimo histórico? Como tomou posse mesmo com a condenação? O Governo que se diz contra corrupção, mostra sua cara quando faz suas escolhas.

O ministro representa apenas interesses corporativos de fazendeiros, grileiros, madeireiros e mineradores. Salles, nada faz pela preservação do meio ambiente, pelo contrário, ele tem em sua agenda o compromisso com o desmonte de normas e regras de preservação ambiental. Na famosa e ridícula reunião governamental de Bolsonaro, Salles demonstrou para que foi escolhido como Ministro, para “passar a boiada”.

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O Ministério Público Federal, em Junho de 2020 pediu o afastamento urgente de Ricardo Salles da pasta do meio ambiente por improbidade administrativa.

O MPF entrou com ação de improbidade administrativa contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de desestruturação dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente. Na ação, 12 procuradores pedem o afastamento do ministro do cargo em caráter liminar (urgente) e sua condenação por improbidade administrativa.

A nota e a maneira como o governo trata a população não pode ficar impune, a justiça precisa ser acionada por esse episódio. O governo tem que entender que ele está ali para administrar o Estado e deve cumprir com suas obrigações e cumprir a lei. O cidadão tem o direito de se manifestar.

Ricardo Salles insulta moradores de região incendiada de "maconheiros"

FORA SALLES!

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