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Prefeitura do Rio de Janeiro autoriza volta do público aos estádios

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A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou nesta sexta-feira (18) a volta de público em jogos de futebol realizados no Maracanã, mesmo com aumento nos casos de Covid no estado.

A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a liberação de público em jogos nos estádios que conferem ao município. A primeira partida com torcida será no Maracanã, no dia 4 de outubro, entre Flamengo e Athletico Paranaense, segundo o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), investigado pelo Ministério Público (MP-RJ) por esquema de pagamento de propina e de chefiar o “QG da proprina”.

O jogo terá a presença de 20 mil torcedores, o que representa 1/3 da capacidade total do estádio. Essa é uma das regras da prefeitura para a volta dos torcedores ao estádio, de acordo com Crivella.

Segundo o prefeito, o maracanã seria uma alternativa às praias, que lotam durante os finais de semana em plena pandemia. Para Crivella, liberar o público no maracanã diminuiria o número de pessoas nas praias.

“Faremos um apelo para a CBF, no sentido que o Maracanã seja uma alternativa à praia. Hoje talvez o maior problema do Rio são as grandes aglomerações nas praias das pessoas sem máscara. Se o jogo puder ser às 11h seria ótimo para nós. Estamos falando de 20 mil torcedores no Maracanã, 1/3 de sua lotação. Seria talvez menos 20 mil pessoas nas praias do Rio de Janeiro”

Marcelo Crivella, prefeito da cidade do Rio de Janeiro

Mas será que isso é realmente uma alternativa viável e inteligente no combate ao coronavírus ou apenas mais uma política sem nexo que irá criar mais um local de aglomeração?

Rio registra aumento na média móvel de mortes por Covid-19 e números indicam crescimento no contágio.

O Rio de Janeiro adota uma política de morte, arrisca um colapso na saúde com reaberturas, aglomerações e fechamento de leitos para Covid-19.

prefeitura do Rio de Janeiro covid
Prefeitura do Rio de Janeiro flexibiliza praias/ foto: Brenno Carvalho / O GLOBO

A capital com a maior taxa de mortalidade do coronavírus no Brasil não tem adotado políticas que evitem lotações nas praias e bares durante a pandemia. Além de flexibilizar pontos cruciais onde aglomerações são inevitáveis, autoridades estaduais determinam fechamento de leitos montados para lidar com a Covid-19. As somas dos fatores podem gerar um colapso na saúde do Rio de Janeiro, alertaram especialistas.

A cidade cruzou na semana passada a trágica marca de 10 mil mortes pela Covid-19, com uma taxa de 151 óbitos a cada 100 mil habitantes, que colocaria a capital fluminense no topo do ranking mundial de mortalidade pela doença caso fosse um país.

Até o momento, o estado do Rio de Janeiro registra 17.575 mortos e 249 mil casos da doença provocada pelo novo coronavírus. A cidade do Rio é o foco da doença no estado e aglomerações colaboram muito para a disseminação do vírus pelo território estadual e nacional. A capital registra 97.612 casos confirmados e 10.449 mortes.

Uma suposta redução nos números oficiais de casos e de mortes no mês passado motivou uma ampliação da reabertura na capital fluminense, o que provocou cenas rotineiras de aglomeração, tanto nas praias como nos bares.

Especialistas apontaram, no entanto, que não houve queda, mas sim um atraso de notificação, o que se confirma quando observados os dados pelas datas de ocorrência e não de notificação, e significa que houve aumento nos óbitos e números indicam crescimento no contágio.

Como a maior parte da população ainda está suscetível ao vírus, especialistas que acompanham de perto a situação da cidade carioca, alertam que há uma clara possibilidade de novo aumento dos casos devido ao grande número de pessoas nas ruas, especialmente com a liberação da volta às aulas presenciais e a chegada do verão.

“Se a gente tiver um aumento no número de casos em função desse processo de reabertura, a probabilidade de que ocorra um colapso no sistema de saúde é muito grande. Para esses passos mais importantes, como volta às aulas, realização de eventos, a gente deveria ter um suporte de atendimento de terapia intensiva que resguardasse esse possível aumento de casos graves, mas temos visto exatamente o contrário”

Diego Xavier, pesquisador em Saúde Pública do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnologia em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz.

Analisando os fatos

Talvez a intenção por trás dessas políticas praticadas por autoridades fluminenses seja o tal do pão e circo. Uma maneira de distrair o carioca que constantemente vê nos noticiários o prefeito, governador, deputados, senadores e vereadores alvos de denúncias de envolvimento em esquemas ilícitos, desvios de verbas públicas, crime organizado e as milícias que dominam os territórios cariocas. Dessa maneira, Crivella entretém seu eleitorado e tenta apagar o incêndio em sua imagem e na de seus parceiros políticos.


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