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PIB tem queda recorde de 9,7% no segundo trimestre

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PIB tem queda recorde de 9,7% no segundo trimestre e Brasil entra em recessão. Tombo histórico coloca o país em recessão.

Conforme o índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central em Agosto previu, o Brasil teve tombo histórico no PIB e manteve previsão de recessão.

Divulgado nesta terça-feira (1), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve um tombo histórico de 9,7% no 2º trimestre, na comparação com o 1º trimestre do ano, devido ao impacto da crise do coronavírus. Em relação ao 2º trimestre de 2019, a queda foi ainda maior, de 11,4%.

Com o resultado, a economia brasileira entra oficialmente em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de encolhimento do nível de atividade. Em valores atuais, o PIB chegou a R$ 1,653 trilhão no segundo trimestre.

A queda histórica é a mais intensa desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996. Até então, o maior tombo já registrado no Brasil tinha ocorrido no 4º trimestre de 2008 (-3,9%).

PIB tem queda histórica, recessão
Infográfico produzido pelo G1

O IBGE também revisou para baixo o desempenho da economia no primeiro trimestre, de 1,5% para 2,5%, em relação ao trimestre anterior. No primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período de 2019 a economia somou queda de 5,9%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o recuo é de 2,2%.

Indústria e serviços

A queda do PIB é consequência da Pandemia, que reduziu drasticamente a produção industrial e afetou o setor de serviços. A retração nos setores também é histórica com queda de 12,3% na indústria e de 9,7% nos serviços, em relação ao primeiro trimestre. Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional.

Somente a indústria de transformação apresentou perdas de 17,5%, enquanto construção caiu 5,7% e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto recuou 4,4%. Já o setor de serviços teve queda de 9,7% no período, resultado também inédito, com destaque para as perdas de 19,8% em outras atividades de serviços, que reúne serviços prestados às famílias.

Principais destaques do PIB no 2º trimestre

  • Agropecuária: 0,4%
  • Indústria: -12,3%
  • indústria extrativa: -1,1%
  • indústria de transformação: -17,5%
  • construção civil: -5,7
  • Serviços: -9,7%
  • Comércio: -13%
  • Consumo das famílias: -12,5%
  • Consumo do governo: -8,8%
  • Investimentos: -15,4%
  • Exportação: 1,8%
  • Importação: -13,2%

Consumo das famílias despenca

O tombo de 12,5% no consumo das famílias – principal motor do PIB há anos – também foi recorde, mesmo com o programa de auxílio emergencial aprovado pela Câmara.

O consumo das famílias só não foi pior graças aos programas emergêciais que garantiram o mínimo de liquidez e condições de sobrevivência de muitas famílias.

“O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE

Comparação com outros países não faz muito sentido

A comparação com outros países, tem sentido no momento, em virtude do estímulo fiscal massivo que o Brasil fez para fomentar a recuperação econômica e manter empresas vivas. Mas, como as políticas não irão se manter para o futuro, a tendência é diminuir o ímpeto de consumo e o comparativo. Portanto o comparativo é momentâneo e só iremos ter consciência dos reais resultados da Pandemia no biênio 20/21.

Segundo o governo, o Brasil teve queda no PIB menos acentuada do que outros países, o que é verdade se compararmos com os países que sofreram com a pandemia. Um fator que explica essa proximidade de resultados é a segunda onda que a Europa enfrenta no segundo trimestre que restringiu alguns países de reabrir suas economias. Porém, a retomada da economia para alguns desses países será muito mais rápida e eficiente no terceiro e quarto trimestre.

A previsão para as economias desses países nesse primeiro semestre era de forte queda devido o forte isolamento social e as medidas sanitárias necessárias que impuseram.

A pandemia para os países Europeus fortemente atingidos, como Itália, Reino Unido, França, Espanha e Portugal, já estava controlada, mas agora foram atingidos por uma segunda onda, embora menor. Mas o segundo semestre já será de retomada mais significativa, diferentemente do Brasil, que escolheu ignorar várias medidas sanitárias, fazer um isolamento social parcial e arrastar essa pandemia no país por longos meses. A retomada do Brasil no pós-pandemia deve ser mais lenta que em 90% dos países.

Além de uma retomada muito mais difícil segundo especialistas, com desemprego em alta, preocupações sobre o rumo das contas públicas e de incertezas sobre a evolução da pandemia, o país terá um longo período até os níveis da pandemia reduzirem efetivamente. Ainda temos uma média de aproximadamente mil mortos diariamente.

PIB Terceiro tri

Antes da pandemia o país já não vinha apresentando crescimento expressivo, e segundo especialistas o problema é esse: o Brasil continuará abaixo dos patamares pré pandemia.

De acordo com cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o PIB do terceiro trimestre deve avançar 5,8% em relação ao divulgado hoje, mas vir 5,5% abaixo do mesmo período de 2019.

“Brasil continua sendo uma economia com produtividade baixa, crescimento baixo. Você não melhorou nesse sentido, e sabemos que eventualmente até piorou em potencial quando as coisas se normalizarem”

Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs

O maior impasse para uma retomada da economia no país é a incerteza fiscal e os sinais trocados que o governo e a equipe econômica transmitem ao mercado. Os rombos nas contas públicas podem limitar a retomada se não forem controlados.

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