Ação da Petrobras despenca quase 11% em Nova York após indicação de Joaquim Silva e Luna, general do exército para a presidência da Petrobras.
As ações da Petrobras negociadas em Nova York acentuaram a tendência de queda após a notícia da indicação do general Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras. Às 20h no horário de Brasília, os papéis – chamados de ADRs – da estatal brasileira perdiam 10,95%, a US$ 8,95, na negociação eletrônica após o fechamento do pregão tradicional, o chamado after market.
Essa queda de dois dígitos se soma à desvalorização de 7,12% acumulada durante os negócios no pregão tradicional desta sexta-feira em Nova York.
A indicação não pegou nada bem para os analistas e deixa o futuro da empresa em dúvida. A interferência de Bolsonaro gerou perca de mais de 28 bilhões nos papéis futuros da Petrobras. Bolsonaro indicou para o lugar de Roberto Castello Branco, atual presidente da empresa o general Joaquim Silva e Luna.
Nesta semana, o preço da gasolina subiu mais de 10% e do diesel, mais de 15% nas refinarias; o que gerou diversos protestos nas redes.
Bolsonaro, em ato populista disse que iria retirar impostos federais sobre o diesel por dois meses e deixou clara sua interferência quando indicou hoje o próximo presidente da Petrobras. Além de instabilidade nos valores da empresa, o mercado reagiu de maneira negativa à interferência que vai contra a necessidade de arrecadação e controle econômico.
Durante o dia de hoje as ações da empresa caíram pela interferência política. Quando Bolsonaro indicou Silva e Luna o mercado brasileiro já estava fechado, porém na bolsa de NY a queda no valor da empresa foi gigantesca.
A decisão de Bolsonaro foi comunicada por meio de suas redes sociais. O indicado é general da reserva do Exército e ocupava a presidência da usina de Itaipu desde 2019. Antes, ocupou o cargo de ministro da Defesa no governo do ex-presidente Michel Temer. Ele foi o primeiro militar a sentar na cadeira do Ministério, criado em 1999.
Silva e Luna não aumenta diretamente o número de militares no governo, pois está atualmente no comando da Itaipu. A incógnita agora é saber se o general – que já foi também Ministro da Defesa de Michel Temer – vai atuar com transparência e governança que se exige de uma estatal do tamanho da Petrobras.
Vale lembrar que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, tem sua atuação no combate da pandemia sob investigação. As decisões no combate, ou na patética tentativa de combate à Pandemia são só de Pazuello? Não, ele é o ministro da frase que simboliza o perfil que Bolsonaro busca para compor o seu governo: “um manda e outro obedece”.
Cadê Guedes?
Um silêncio ensurdecedor foi percebido ao longo do dia no Ministério da Economia. O ministro Paulo Guedes, padrinho de Castello Branco na Petrobras, nada falou. Viu o mercado derreter as ações da estatal sem explicar quais seriam as compensações adotadas pelo governo para colocar em prática a promessa do presidente de redução de impostos. Promessas sem nexos.
Bolsonaro parece não saber NADA de economia e que o dólar puxa a alta de preço nos valores do petróleo. Bolsonaro precisa trabalhar, coisa que nunca fez; Silva e Luna também não entende nada sobre óleo e gás e isso preocupa muito sobre o futuro da estatal, que sofre na mão do sofrível governo.
Politica de preços
Desde 2016 a Petrobras orienta sua política de preços pelo Preço de Paridade Internacional (PPI), que leva em consideração a cotação do barril de petróleo e o câmbio.
Quando foi estabelecida, os preços chegaram a variar quase que diariamente, seguindo a flutuação do mercado internacional. Em setembro de 2018, às vésperas da eleição daquele ano, esses reajustes passaram a ser quinzenais. E, em meados de 2019, deixaram de ter prazo fixo, passando a depender da avaliação da companhia sobre as condições de mercado e o ambiente externo.
A fórmula usada pela Petrobras para calcular a relação entre os preços praticados pela empresa no Brasil e o mercado internacional não é conhecida, abrindo a possibilidade para uma série de diferentes projeções sobre o futuro dos preços.
A expectativa internacional é de valorização do barril do petróleo, diante da previsão de manutenção da oferta restrita pela Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) e pela Rússia e do crescimento projetado da economia mundial, com o avanço da vacinação contra a covid-19.
A incerteza com relação ao dólar no Brasil, diante do desequilíbrio das contas públicas nacionais, também foi um fator apontado como combustível para novas altas nos preços.