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Pandemia desacelera no mundo, menos no Brasil

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Os números da pandemia caíram 16% no mundo, segundo a OMS. No Brasil, os números seguem altos e sem perspectivas de queda. Controle segue precário, com vacinação lenta, sem adesão às medidas preventivas e omissão de agentes públicos para implementar, estimular, controlar e fiscalizar.

Brasil segue pária mundial, principalmente quando o assunto é pandemia. Com controle precário e vacinação lenta, é possível que país conviva com o coronavírus por muito tempo ainda. Para piorar a situação, novas variantes do novo coronavírus vêm surgindo e se espalhando pelo país.

Por isso, embora seja difícil prever, muitos especialistas acreditam que a Pandemia do novo Coronavírus se estenderá pelo menos até 2022 no Brasil. Corremos o risco da Covid-19 se tornar endêmica no país, assim como Dengue e gripe.

Para o médico epidemiologista Guilherme Werneck, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e professor do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), as condições para o controle da epidemia no Brasil estão muito precárias, por isso ela não deverá acabar logo.

“Faltam vacina, organização e liderança e sobra irresponsabilidade dos agentes públicos […] Começando pelas ações de contrainformação do governo federal, questionando a efetividade de máscaras, vacinas e do distanciamento social, e estimulando o uso de medicamentos ineficazes para prevenção e tratamento da covid-19. É possível, embora ainda num horizonte distante, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declare o fim da pandemia, mas o Brasil continue tendo que lidar com níveis inaceitáveis de transmissão.”

Guilherme Werneck em entrevista para BBC News Brasil

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Especialistas acreditam que a epidemia de covid-19 no Brasil não tenha data para acabar, principalmente porque a vacinação não está sendo feita de maneira maciça, ampla e simultânea.

O médico Plínio Trabasso, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, além de criticar a ingerência das vacinas e a ineficaz campanha de prevenção cita que é preciso testagem em massa, para identificar os contaminados e colocá-los em quarentena para evitar o contágio de terceiros através das aglomerações, que no Brasil são corriqueiras.

A ausência de uma vigilância epidemiológica efetiva é outro aspecto problemático e preocupante da pandemia no país. “O Brasil tem recursos financeiros e profissionais capacitados para desenvolver um processo eficiente de identificação de casos, por meio de testagem e busca ativa, e quarentena para todos os infectados, com apoio financeiro que garanta que a população não perca renda”, diz a médica sanitarista Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi, professora de Economia Política da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Maria de Fátima em entrevista para a BBC News Brasil diz que na Europa, caso alguém seja identificado com covid-19 num avião, por exemplo, vai-se atrás dos que estavam próximos, testam-se e isolam-se todos os passageiros. “No Brasil, no caso de Manaus, com a nova cepa identificada, não se interromperam os voos e mais, o Ministério da Saúde levou doentes infectados para outros Estados”, criticou a professora da UFRJ.

A COVID-19 deverá se tornar endêmica no Brasil

A pandemia de coronavírus deverá se tornar endêmica no Brasil, de acordo com o médico Fredi Alexander Diaz Quijano do Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Para o especialista, efeito que vacinas terão na redução da transmissão é incerto, mas evidências indiretas sugerem que não eliminará totalmente covid-19 por motivos particulares em que a pandemia foi conduzida no país.

Um dos motivos disso é que novas variantes – que surgem pela livre reprodução do vírus – podem eventualmente conseguir escapar das vacinas e talvez precisemos nos imunizar contra o coronavírus com a mesma frequência com que nos imunizamos contra a gripe, por exemplo.

Por tudo isso, é muito provável que o vírus continue circulando. “Não causará doença grave na grande maioria das pessoas vacinadas, mas existindo grupos suscetíveis que não tenham sido imunizados (por qualquer motivo), ainda haverá risco de surtos de casos graves e mortes.”

Em outras palavras, a covid-19 poderá se tornar endêmica, como a aids, dengue, gripe, malária e tuberculose, por exemplo.

“Junte todos esses problemas num contexto em que faltam vacinas e que uma alta cobertura vacinal da população ainda vai demorar […] Estamos, então, em condições propícias para permitir a circulação do vírus e o aparecimento de novas variantes, tudo contribuindo para a permanência da infecção entre nós de forma endêmica.”

Guilherme Werneck, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e professor do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/Uerj)

Sem ações de prevenção coletiva, como o uso de máscaras, distanciamento social e higiene pessoal, somente a vacina não será capaz de interromper a transmissão.

Use máscaras, evite aglomerações, respeite a vida.

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