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Operação Placebo, suposto vazamento de Informação e cenário político conturbado.

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O ano está muito confuso —crise sanitária, crise politica, crise econômica e muita confusão— disso ninguém discorda. Hoje foi mais um dia carregado de notícias e eu vou tentar resumir da maneira mais simplificada possível.

Notícia 1

O Dia começou com depoimemto de Paulo Marinho no âmbito das investigações de suposta interferência política do presidente na PF. Marinho, após depoimento diz que sua narrativa se encerrava ali, já entregou todas as provas e fez as revelações que teria para fazer. Paulo Marinho afirma vazamentos da PF em operação Furna da Onça para Flávio Bolsonaro.

Notícia 2

A Deputada Carla Zambelli, que se ofereceu ao então ministro Sergio Moro para garantir junto a Bolsonaro uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal se ele desistisse de pedir demissão- deu uma entrevista a uma rádio Gaúcha, ontem e disse que haveriam operações da PF contra Governadores. Hoje, ocorreu operação contra o Governador Wilson Witzel relacionado a investigação do STJ que apura corrupção e desvio de verba pública em contratos de empresas responsáveis pela construção de hospitais de campanha e na compra de respiradores, em plena Pandemia. A operação “Covidão” da qual Zambelli se referiu, foi oficialmente batizada de Operação Placebo.

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A deputada Zambelli afirma que não tomou conhecimento prévio de nenhuma operação.

A Operação Placebo 

O Superior Tribunal de Justiça, autorizou que, no âmbito da Operação Placebo – investigação sobre supostos desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública do novo coronavírus no Rio – a Polícia Federal apreendesse ‘equipamentos eletrônicos de qualquer espécie’ dos investigados, entre eles o governador Wilson Witzel.

A PGR pediu que as ordens fossem expedidas pelo ministro Benedito Gonçalves do Superior Tribunal de Justiça, em razão das menções a Witzel, que tem foro privilegiado e Helena Witzel. A PF realizou tais buscas e as mídias descritas na decisão datada de 21 de maio incluem pendrives, notebooks, HDs e smartphones tendo a PF recolhido três computadores e três celulares na residência do governador na manhã desta terça, 26.

Em nota, a Polícia federal informou que foram compartilhadas com a Procuradoria-Geral da República, dentro da investigação em curso no STJ, provas obtidas durante as investigações iniciadas no Rio de Janeiro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal.

Operação Placebo, suposto vazamento de Informação e cenário político conturbado.
Foto de policiais federais durante Operação Placebo 📷Domingos Peixoto/ Agência o Globo

Agentes cumpriram doze mandados de busca e apreensão em endereços de São Paulo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, os agentes foram à sede da Organização Social IABAS, que fechou contrato de R$ 850 milhões com o governo do Rio para implantação de hospitais de campanha no Estado. A Organização IABAS não entregou o prometido nesses contratos emergenciais.

O STJ diz ter fortes indícios de que Witzel e sua esposa tinham conhecimento e que comandavam estrutura hierárquica que corrompe o sistema de saúde no RJ, em pleno momento de pandemia, ato condenável e se provado, imperdoável. Milhares de vidas dependem do poder público para sobreviverem ao vírus.

Em um pronunciamento, realizado no início da tarde desta terça-feira (26), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), se defendeu a respeito da investigação que apura fraude na Saúde do estado, disse que é vítima de “perseguição política” e afirmou que o senador Flávio Bolsonaro deveria estar preso.

Sobre a ação da Polícia Federal hoje, Witzel disse que são “investigações precipitadas. O mínimo de cuidado na investigação no processo penal levaria aos esclarecimentos necessários. Ao contrário do que se vê na família do presidente Bolsonaro, que engaveta inquéritos”.

A investigação deve acontecer, porém gera instabilidade e dualidades. Entenda:

Coincidências são coincidências apenas?? Que puna-se os atos que devam ser punidos, não estou aqui para tomar partido, mas como vocês que acompanham o Jornal sabem da contundência contra atos criminosos, antiéticos e aos que pregam ideologias extremistas e que causam pandemônios e desigualdades. Gosto de analisar o contexto em que os fatos ocorrem. Sendo assim, vamos lá:

As seguidas mudanças nos comandos da PF, a proximidade de certos políticos com Procuradores, Delegados e autoridades que deveriam investigar crimes por eles cometidos, cria um ar de desconfiança e coloca aquela pulga atrás da orelha de qualquer um.

A polícia Federal tem papel importantíssimo no combate à corrupção e aos crimes no âmbito Federal e não pode haver nela envolvimento político. Disso não há dúvidas! Porém, indícios de uso político em órgãos de investigação (polícia judiciária) vem surgindo durante esse atual governo. Supostas interferências colocam a independência desses órgãos em dúvida, nada comprovado ainda, mas que os fatos e as circunstâncias causam estranhezas, causam.

Em tempos sombrios da nossa recente história, já tivemos uma Polícia Política que atendia alguns setores e à alguns, e quem viveu o período garante que não era nada louvável, pelo contrário, condenável.

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A operação da PF foi vista por muitos com uma celeridade fora do normal em um momento em que as instituições pedem liturgias, justamente por nas investigações estarem adversários políticos.  Tudo isso deve ser analisado para evitar dualidades e possíveis perseguições políticas.

Não podemos enfatizar nada e devemos levar em conta a necessidade que a Pandemia exige e as devidas investigações, pois os contratos realizados em momentos emergenciais, pedem forte fiscalização. Temos que aguardar a continuidade das investigações e ampliar o leque de possibilidades, tanto de cometimento de tais crimes como as de perseguição política, interferências e supostos vazamentos na PF.

Passamos a ter dúvidas de supostas influências. Fatos políticos misturados a investigações policiais, causam tais desconfianças. Já não sabemos mais em que acreditar. Vivemos um momento em que os poderes fazem ataques uns aos outros; ataques à democracia são constantes e cada vez mais contundentes. O Governo tenta pressionar o poder Judiciario e o Legislativo e joga para a torcida tais ataques, criando inflamação popular.  A tal reunião pareceu mais um churrasco do que reunião, cenas bizarras.

Um recado para os que lêem o texto é que, embora muitos achem que as forças armadas fazem parte do governo, se enganam. As forças armadas do Brasil devem obediência ao Estado Democrático e à Constituição, não à governos passageiros. O atual governo possui alguns militares da reserva e dessa maneira busca apoio por parte de militantes e adoradores do regime militar. Os militares da ativa não concordam com tais ideais e reforçam lealdade à Constituição.

A nação necessita de maturidade e diálogo construtivo para preservar a harmonia entre os poderes e dar suporte à democracia. O Brasil não é para amadores.

Renan Aversani

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