O Jornal Analítico é um projeto profissional independente que busca através das notícias, opiniões e análises criar um senso crítico que amplie a capacidade de entendimento social do leitor. Sempre com a seriedade que o jornalismo profissional necessita. Amplie-se.

-Publicidade-

Floresta amazônica já emite mais gás carbônico do que absorve

0

Floresta Amazônica passou a emitir carbono para a atmosfera além do que consegue absorver. Pesquisa foi publicada na revista científica Nature.

Floresta Amazônica já emite mais gás carbônico do que consegue absorver, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (14) na revista científica Nature, liderado por uma pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O estudo aponta que regiões da floresta amazônica afetadas pela degradação ambiental estão levando o conjunto da Amazônia a emitir mais carbono do que consegue absorver. 

O desmatamento na região da floresta amazônica já vem causando grande preocupação por equipes científicas de diversas vertentes e países a alguns anos, porém com as recentes pesquisas divulgadas que atribuem a elevação da temperatura média da terra em cerca de 1,2 °C às desenfreadas emissões de CO2 na atmosfera, gases causadores do efeito estufa, cientistas estão alarmados com a situação e fazem apelo para o controle do desmatamento e de emissão de gases na atmosfera. 

‘”A primeira má notícia é essa: por conta das queimadas e do desmatamento, a Amazônia, hoje, é uma fonte de carbono”

Luciana Vanni Gatti, pesquisadora e uma das autoras do estudo

Luciana Gatti diz que a segunda “má notícia” é a descoberta de um efeito secundário do desmatamento: a emissão indireta de carbono causada pelo impacto da diminuição das chuvas na fotossíntese. 

“É sabido que acontece uma emissão direta com a queimada. A emissão indireta acontece porque, segundo o que observamos, as regiões desmatadas apresentam maior perda de chuva, principalmente na estação seca (agosto a outubro)”, explica a pesquisadora.

A explicação para a emissão indireta é simples: com a queda o volume das chuvas, a temperatura subiu 2°C no nordeste da floresta e 2,5°C no sudeste, e esse “estresse” afetou a fotossíntese, fazendo que as árvores emitam mais CO2 do que em situações normais para compensar o desequilíbrio. 

O estudo publicado mostra que atualmente a floresta emite – além do que consegue absorver – 0,29 bilhão de toneladas de carbono por ano para a atmosfera. 

A pesquisa aponta que o principal ponto que leva ao desequilíbrio é a região sudeste da Amazônia, que faz fronteira com outros biomas e também concentra parte do chamado “Arco do desmatamento”, região vulnerável do bioma pelas pressões do desmate e das queimadas

A importância do estudo é gigantesca, pois a mudança de metodologia (medição de gases diretos da atmosfera) permitiu a análise inédita. Essa é a primeira vez que um estudo aponta a diminuição no potencial de absorção da floresta. 

“Outros projetos ainda não chegaram a essa conclusão porque eles medem o carbono disponível no tronco das árvores, enquanto a gente mede o gás carbônico direto na atmosfera. Nós medimos o CO2 que está no ar e que é resultante de tudo que está acontecendo na Amazônia”, explica Gatti.

Redução da fotossíntese

Segundo Gatti, com o aumento da temperatura causado agravamento do desmatamento, as árvores deixam de fazer fotossíntese e passam apenas a emitir os gases para a atmosfera, e não mais absorvê-los.

Além disso, o aumento da estação seca é um fator a mais de degradação

Desmatando, a estação seca (de agosto a outubro) torna-se cada vez mais estressante para o bioma; mais seca, mais quente e mais longa. Com o desmatamento e as queimadas descontroladas e em níveis recordes, o cenário só se agrava. 

Ao invés de parar o desmatamento, nossa legislação vem sofrendo ataques que permitem que ele aumente, flexibilizando leis e desmontando órgãos fiscalizadores, reduzindo seu poder de atuação.

O governo acabou de alterar a maneira de divulgação de dados sobre alertas de queimadas, retirando do Inpe a prerrogativa e passando ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Os dados de riscos de queimadas do Inpe já combinam dados do Inmet com modelos de previsão do tempo. O que o Inmet vai gerar é muito pior do que o Inpe faz hoje. Mais um retrocesso proposital na geração de informação ambiental.

O que pensa o jornal?

É de conhecimento os efeitos do aquecimento global e eles tem se mostrado cada vez mais presentes e surpreendentemente mais precoces. A urgência de se combater o desmatamento e reduzir as emissões de CO2 nunca foi tão gritante.

PUBLICIDADE

É preciso começar a recuperar áreas que estão extremamente desmatadas e costurar acordos internacionais que de fato tenham compromisso com a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa na atmosfera terrestre. 

PUBLICIDADE

você pode gostar também

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.