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Desmatamento ilegal tem anuência do governo federal

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Desmatamento ilegal no Brasil tem anuência do governo federal. Bolsonaro só enxerga meio crime e tem postura isolacionista em reunião dos Brics.

Nesta terça-feira (17), durante reunião dos Brics ( grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Jair Bolsonaro anunciou que divulgará lista de países que criticam Brasil por desmatamento ilegal, mas compram madeira ilegal no país.

Segundo Bolsonaro, o rastreamento do madeiramento ilegal é feito por uma tecnologia da Polícia Federal que, segundo ele, mostra o “DNA” da madeira, permitindo a localização da origem do material apreendido e exportado.

O rastreamento ao qual Bolsonaro se referiu é de 2017 e seu desenvolvimento foi liderado pelo comitê técnico ISO/PC 287, cuja secretaria é mantida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), representante da ISO no Brasil, e co-liderada pela Deutsches Institut für Normung (DIN), representante da ISO na Alemanha.

desmatamento ilegal, brics
imagem divulgação / Brics

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Porém, Bolsonaro não citou em reunião dos Brics que as ações deliberadas de seu governo dão suporte para o desmatamento ilegal e o comércio ilegal de madeira. Documentos mostram que uma ação do seu governo facilitou a exportação de madeira extraída ilegalmente.

Governo Federal, cúmplice do desmatamento ilegal.

Entidades ambientalistas como Greenpeace Brasil, Instituto Socioambiental e Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente entraram na Justiça em junho contra uma decisão tomada pelo presidente do IBAMA, Eduardo Bim – nomeado por Bolsonaro e indicado por Ricardo Salles – que flexibilizou normas para a exportação de madeira brasileira. A decisão do Ibama foi tomada depois de um pedido das madeireiras.

Em fevereiro, madeireiras do Pará pediram ao Ibama para mudar uma regra que existia há nove anos. O governo corporativista atendeu de pronto aos pedidos e mais uma vez “passou a boiada”

As empresas queriam vender madeira para o exterior apresentando apenas o documento de origem florestal (DOF), feito pelas próprias empresas e que originalmente só serve para permitir o transporte da mercadoria até o porto.

Segundo os ambientalistas, em março, Eduardo Bin contrariou laudos técnicos da Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e florestas do Ibama e fez exatamente o que os madeireiros solicitaram: suspendeu — por meio de um despacho — os efeitos de uma instrução normativa, argumentando que o dispositivo não se aplicava mais por causa do Código Florestal.

Para ter o pedido ilegal e imoral aceito, madeireiros do Pará alegaram que estavam deixando de fazer vendas porque compradores internacionais exigiam a autorização de exportação emitida pelo Ibama, uma garantia de que a madeira não foi retirada de forma ilegal das florestas brasileiras.

O Ibama, chefiado por Eduardo Bin, acabou com o mecanismo de fiscalização ambiental existente até então, relativo ao controle da exportação de cargas de madeira retirada das florestas do país para que fosse estabelecida uma nova dinâmica de fiscalização, a ser realizada quando a madeira já não estaria mais em solo brasileiro. Desta forma ele incentiva o desmatamento ilegal.

Isolacionismo e diplomacia fraca

Na cúpula desta terça Bolsonaro voltou a criticar a atuação da Organização Mundial da Saúde (OMS) no combate à pandemia do novo coronavírus e aproveitou a reunião para defender uma reforma do organismo. Além de criticar a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Bolsonaro, crítico as medidas e as ações coordenadas pela OMS, mostrou que destoa do grupo que compõe mais de 20% da economia mundial e que reconhece as iniciativas da OMS, governos e organizações sem fins lucrativos para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas para o combate do novo coronavírus.

“Reconhecemos o papel fundamental do sistema das Nações Unidas, incluindo a OMS, na coordenação da resposta global abrangente à pandemia da Covid-19 e os esforços centrais dos Estados nesse sentido”

Declaração de Moscou , documento redigido após a reunião

Bolsonaro firma sua posição ideológica e se mostra contra o multilateralismo, que seria importantíssimo para uma retomada econômica e para o desenvolvimento do Brasil. Em um momento em que teria que criar união e aproximação das principais economias, como sempre fora feito anteriormente, Bolsonaro escolhe seguir a política de seu amigo imaginário Donald Trump, que está de saída da Casa Branca.

Quem sofre as consequências de ter um presidente tido por muitos dentro da política como inimputável, é o Brasil. O país sempre teve um papel importante e de liderança frente os países emergentes hoje é pária mundial e motivo de críticas.

Um presidente que elegeu-se com um discurso liberal, a cada dia que passa se mostra totalmente o contrário, além de manter seu já conhecido baixo nível e atuação política: disperso, ocioso e perdido por ilusões ideológicas e teorias conspiratórias.

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Vale lembrar que já fomos considerados a 6º maior economia mundial (2011) e éramos vistos como potência. Hoje, estamos saindo do ranking das dez maiores economias, uma queda assombrosa que reflete o governo sem pé nem cabeça. Um condomínio é melhor administrado.

O que pensa o jornal

Bolsonaro critica “países”, mas quem compra são empresas. Claro que os países de origem dessas empresa precisam aumentar a fiscalização da compra de madeiramento de suas empresas, mas o Brasil tem que parar de agir em prol de madeireiros ilegais e fechar os olhos para os crimes que são cometidos com seu aval.

Será que Bolsonaro irá divulgar as ações de seu governo que deram suporte para passar a boiada? Outro ponto a se observar é que se o governo sabe quem compra, sabe quem vende. Além disso, o governo federal deu um cheque em branco para a ilegalidade correr solta dentro do país.

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