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Desemprego bate recorde e atinge 14 milhões de brasileiros

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O Desemprego bate recorde no país diante da pandemia e hoje já atinge 14 milhões de brasileiros que precisam trabalhar, mas não tem onde. Grande causador do alto índice foi a inexistência de política de subsídios para micro e pequenas empresas.

O desemprego é um problema crônico no Brasil, mas que diante da pandemia causada pelo novo coronavírus bateu recorde e atingiu patamares nunca antes vistos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na penúltima semana de setembro, o desemprego já atingiu mais de 14 milhões de brasileiros.

Os números, referentes ao período entre 20 e 26 de setembro, são da Pnad Covid do IBGE, divulgados nesta sexta-feira, 16. O IBGE tem feito a pesquisa semanalmente para identificar os números de emprego no país.

De acordo com o levantamento, entre maio e setembro – período da pandemia – mais de 4,1 milhões de brasileiros entraram para a fila do desemprego, o que corresponde a uma alta de 43% do número de desempregados no país em cinco meses. Com isso, a taxa de desemprego passou de 10,5% para 14,4%, a maior de todo o período pesquisado.

O aumento gradual na taxa de desemprego tem haver com a procura por emprego que aumenta conforme as flexibilizações vão ocorrendo. Número deve aumentar, pois com mais trabalhadores voltando a buscar emprego diante da flexibilização do isolamento, o desemprego oficial pode continuar crescendo nos próximos meses.

“Embora as informações sobre a desocupação tenham ficado estáveis na comparação semanal, elas sugerem que mais pessoas estejam pressionando o mercado em busca de trabalho, em meio à flexibilização das medidas de distanciamento social e à retomada das atividades econômicas”, disse em nota do IBGE a coordenadora da pesquisa, Maria Lucia Vieira.

Desemprego bate recorde
imagem divulgação / IBGE / Exame

É importante ressaltar que o IBGE só classifica como desocupado o trabalhador que está em busca de uma vaga. Há ainda na semana pesquisada outras 73,4 milhões de pessoas que não estavam trabalhando e não estão procurando trabalho.

Um dado interessantes dentro desse montante de trabalhadores pesquisados é que cerca de 21% desses trabalhadores afirmaram que não procuraram trabalho em virtude da pandemia ou por falta de trabalho na localidade, sugerindo que para essa fatia o Home Office não é viável. Segundo outros dados do IBGE, de agosto, esse grupo tem uma maior fatia de trabalhadores pretos e pardos do que brancos.

Analisando esse dado em específico percebe-se que os empregos que dependem de atividades presenciais (geralmente em micro e pequenas empresas) que em sua grande maioria não necessitam de uma mão de obra muito qualificada – padarias, mercadinhos, salões de beleza, shoppings, setor de serviços, comércio em geral – é maior entre a população mais carente.

No Brasil, esse nicho de trabalhador é constituído por pretos e pardos, vítimas da desigualdade social e que não possuem acesso a uma educação de qualidade que possibilite a qualificação da mão de obra necessária.

Isso se verifica nos dados que vêm a seguir. As pessoas que estão trabalhando em Home Office não perderam seu emprego.

Home Office

Ao todo, a semana até 26 de setembro teve 7,9 milhões de pessoas trabalhando remotamente no Brasil, o equivalente a menos de 10% dos trabalhadores ocupados.

Segundo o IBGE, a maior proporção de pessoas trabalhando em casa está no grupo que tem Ensino Superior ou Pós-Graduação.

Há ainda outras 2,7 milhões de pessoas empregadas mas que estão afastadas do trabalho devido à covid-19, por doença ou funções que não podem ser exercidas remotamente. Um percentual dessas pessoas perdeu parte da renda devido ao afastamento.

A pesquisa mostrou também que:

  • Entre as regiões, o Nordeste apresentou a maior alta no número de desempregados, de 69%.
  • O Sudeste, região mais populosa, concentra cerca de 45% dos desempregados no país.
  • A população ocupada ficou estável na maior parte do período pesquisado.
  • O nível de ocupação também ficou estável ao longo da pandemia.
  • A flexibilização do isolamento social foi responsável por pressionar o mercado de trabalho.
  • A informalidade teve queda no país, indicando estagnação do mercado de trabalho.
  • O número de trabalhadores afastados por causa do isolamento social caiu em 83,9% em 5 meses.

Analisando os fatos da Pandemia

Quem acompanha o Jornal Analítico sabe que os níveis de investimentos e subsídios para os micro e pequenos empreendedores foi praticamente nulo e que isso foi fator primordial para o fracasso no combate ao desemprego, não o isolamento em si.

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Uma empresa que não consegue acesso a crédito e que quando consegue o acesso é um processo penoso que o deixará endividado, acaba fechando as portas e demitindo funcionários, gerando uma onda de quebradeira geral na economia doméstica. Seis entre cada dez donos de pequenos negócios que buscaram crédito no sistema financeiro, no auge da pandemia, não tiveram sucesso.

Guedes fez questão de enfatizar seu desprezo com as micro e as pequenas empresas. Foi inclusive fala do ministro da economia.

“Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”.

Paulo Guedes durante reunião do dia 22 de Abril

Além disso, Guedes afirmou que “não vai ter molezinha para empresa aérea” e que utilizará “a melhor tecnologia financeira lá de fora” para apoiar grandes empresas.

De acordo com a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), o poder executivo não promoveu medidas eficazes de combate à crise gerada pela pandemia, foram medidas sem organização e sem planejamento. Medidas que quando promovidas chegaram tarde, além de causar um empoçamento de liquidez.

 O empoçamento de liquidez se deu pelo medo de inadimplência. O banco prefere reter o dinheiro consigo a arriscar emprestá-lo, mesmo diante de taxas de juros atrativas.

Comércio e indústria acusam bancos de não emprestar o dinheiro e autoridades do governo reclamam que já tomaram as medidas necessárias, mas o empoçamento persiste e o subsidio não chegou a quem deveria.

Por seu lado, os bancos alegam que estão renegociando linhas de crédito mas que a incerteza é muito grande para avalizar operações de empréstimo.

O que de fato deveria acontecer e que não aconteceu por escolhas governamentais e de sua equipe econômica seria a intervenção do estado para garantir liquidez nos setores primordiais, o governo deve atuar nos momentos em que suas engrenagens falham, assim como foi feito nos EUA e na Europa.

O Tesouro Direto e o Banco Central precisariam comprometer seus orçamentos e deveriam municiar o setor privado de recursos nas situações onde a mensuração do risco não é palpável e gera incertezas.

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O Estado deve prover recursos, garantias, legislação conveniente e eficiente, além de fiscalizar o cumprimento de acordos com entidades financeiras.

Falar em liberalismo no Brasil é querer encaixar uma tampa circular num recipiente quadrado, não dá. O país é escravo das grandes potências econômicas e do mercado financeiro e sofre com as desigualdades sociais.

O sistema de oferta e procura é isso, é cruel e não dá para gostar dele quando tudo vai bem e apedrejá-lo nas horas tristes. O brasileiro quer ser liberal em um país que não dá condições para tal. O governo é quadrado, não entende isso e leva a ferro e fogo uma ideia de liberalismo que nem os EUA e muito menos a Europa mantiveram durante a pandemia.

Para se obter um sistema financeiro liberal a população precisaria ter uma capacidade de renda maior e muito mais estruturada.

Planejar, estruturar e fomentar parece ser algo impossível e muito trabalhoso para a capacidade cognitiva e intelectual para alguém que possui um pensamento simplista e medíocre como o de Bolsonaro e Paulo Guedes.

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