O ministro da Defesa, Braga Netto ameaçou através de um interlocutor o presidente da câmara de não haver eleições caso não houvesse voto impresso, como deseja Bolsonaro. É o que diz matéria de “O Estado de S.Paulo”.
Reportagem exclusiva do “O Estado de S.Paulo” relatou que Braga Netto teria enviado um recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no dia 8 de julho, dizendo que, se não for aprovado o voto impresso e “auditável”, não haverá eleições em 2022.
Segundo a reportagem ele estaria acompanhado dos comandantes das forças armadas. No mesmo dia Bolsonaro falou abertamente sobre possibilidade de não haver eleições caso o voto não for impresso e como ele diz “auditável”.
O fato em si é grave pois demonstra que até agora as instituições não fizeram seu papel, dar freios aos lunáticos. Grave por si só é surgir essa intenção de golpe vindo do alto escalão do governo e endossado por um ministro militar. Onde há fumaça, há fogo.
As ameaças do general de coleira pavimenta a tentativa de Bolsonaro tumultuar as eleições de 2022. Caso não for eleito (cada dia mais claro), é perigoso Bolsonaro tentar um golpe de Estado alegando as insanidades e asneiras que ele adora jogar aos ventos.
Oferecendo cargos à militares, Bolsonaro tenta o que Donald Trump fracassou, dar um golpe nas eleições com apoio de alguns comandantes. Lá, as forças armadas não aceitaram as loucuras que o “Laranja” tentou impor. Revelações recentes demonstram que o comando das forças armadas deixou claro que não embarcaria num golpe. Aqui, a história é outra…
É sempre necessário lembrar que as forças armadas deve zelar pela constituição e não por governos. Qualquer coisa que saia dessa prerrogativa é ilegalidade.
Braga Netto durante evento no Ministério da Defesa negou as informações de que teria ameaçado o presidente da câmara.
“Hoje foi publicada uma reportagem na imprensa que atribui a mim mensagens tentando criar uma narrativa sobre ameaça feitas por interlocutores a presidente de outro poder. O Ministro da Defesa não se comunica com os presidentes dos poderes por meio de interlocutores. Trata-se de mais uma desinformação que gera instabilidade entre os poderes da República em um momento que exige a união nacional”, afirmou Braga Netto.
“O Ministério da Defesa reitera que as Forças Armadas atuam sempre e sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição”, completou o ministro.
Tiro no pé
Como tudo que o governo tenta fazer é ruim, a tentativa de intimidar os poderes também foi ruim e o tiro saiu pela culatra. Se Bolsonaro tinha qualquer esperança em aprovar esse tal voto impresso – leia retrocesso – agora tornou-se uma piada sua tentativa.
O projeto que já havia sido praticamente arquivado na camara no último dia antes do parlamento entrar em recesso, agora será enterrado, como se deve.
Pra você que não sabe o motivo das recentes ofensas de Bolsonaro ao ministro e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, fique sabendo que foi por que Barroso e outros ministros do Superior Tribunal Federal alertaram parlamentares dos perigos que esse projeto traria caso fosse aprovado. Resultado: projeto praticamente enterrado e Bolsonaro irritado.
Depois da nova ameaça de Braga Netto, o tal projeto será enterrado de vez. Agora que o Centrão conseguiu dominar o fraco governo de Jair Bolsonaro e conquistou novas pastas para controle, emparedando os militares que tinham cargos importantes em ministérios, enfraqueceu ainda mais o projeto bolsonarista de golpe.
Bolsonaro revelou que vai nomear um senador do Centrão para Casa Civil e recriar uma pasta para abrigar seu aliado, Onyx Lorenzoni. O nome será de Ciro Nogueira (Progressistas -PI) que irá assumir a Casa Civil, chutando da pasta o general Luis Eduardo Ramos.
Já o novo ministério criado, batizado de Emprego e previdência – novo no nome, mas antigo na essência, já que para muitos é o ministério do Trabalho – servirá de abrigo a Onyx Lorenzoni.
Parece nome de filme
Bolsonaro completa 500 dias sem provar fraude eleitoral. O fato parece nome de filme, remetendo ao nome do filme 500 dias com ela, mas não é. É apenas o presidente passando vergonha e disseminando mentiras na tentativa de se manter no poder.