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Ansiedade e saúde mental, a Pandemia que ninguém vê.

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A ansiedade e saúde mental são temas estigmatizados e pouco abordados na sociedade em que vivemos. Tratados por muitos como frescura, a ansiedade tem sido uma agravante da pandemia do novo coronavírus.

A crise do novo coronavírus tem gerado ansiedade e estresse em toda a população. Sete meses após a descoberta da Covid-19, diferentes países se deparam com um problema que costuma ser esquecido e pouco debatido em crises como essa que vivemos: os impactos à saúde mental.

O Jornal Analítico procurou artigos e especialistas da área da psicologia para ajudar a entender como a pandemia pode afetar a saúde mental das pessoas no período de isolamento social. A Psicóloga Juliana Mello, ajudou a esclarecer nossas dúvidas.

O ambiente de incertezas e muitas informações

Normalmente com as Pandemias globais somos bombardeados com informações epidemiológicas todos os dias. As informações que chegam a todo momento falam em mortes, consequências econômicas, desemprego e todos os problemas que deixam qualquer um com medo.

Esse acumulo de informações nos estressam e nos deixam propícios a alterações comportamentais que impulsionam o adoecimento psicológico, que podem gerar consequências graves na Saúde Mental.

O acúmulo de informação e cuidados que devemos tomar, gerou um estado de preocupação social em nível global e a sensação do isolamento social – que é a única maneira existente para combater a disseminação do vírus – agravou e serviu de gatilho para a ansiedade e todos os sentimentos que carregamos conosco.

Ansiedade e saúde mental
Ansiedade
reprodução da internet

O Isolamento social

O fato de estarmos diante de um vírus novo, ainda desconhecido, gera incertezas e inseguranças. As características do vírus obriga a necessidade dos indivíduos permanecerem em isolamento, como meio de diminuir a progressão e disseminação do vírus, resultando em controle, e menores taxas de morbidade e mortalidade.

O isolamento social tem como principal objetivo restringir o contato entre as pessoas, buscando reduzir as chances de contaminação do vírus, a procura pelos serviços de saúde e o número de mortes.

No entanto, é preciso acrescentar que mesmo diante dos benefícios que o isolamento social traz, ele pode ocasionar consequências na saúde mental dos indivíduos, pois somos seres de relações; precisamos do contato, do afeto do outro. O outro confirma a minha existência no mundo.

Longos períodos de isolamento podem levar a sintomas psicológicos como ansiedade e depressão, distúrbios emocionais, estresse, distúrbios de humor, irritabilidade, insônia e sinais de transtorno de estresse pós-traumático.

Mudança abrupta na dinâmica social

Não estamos acostumados a parar. Vivemos em estado de ritmo acelerado, sempre correndo contra o tempo, porque infelizmente aprendemos que “tempo é dinheiro”. 

Esse estado, conhecido como aceleração social do tempo, influencia a forma como vivemos e nos relacionamos com o mundo, provocando reações em nossa saúde física e mental. Estamos sempre esgotados, nos sentindo cansados. 

Somos impulsionados pela sociedade do consumo, em que imperam as buscas por excessos e bens materiais e pela busca de prazeres passageiros, que ajudariam a preencher o vazio de nossa existência.

Para sobreviver a isso tudo, aprendemos a viver no famoso piloto automático, repetindo padrões de comportamento. Costumamos entrar nesse estado enquanto desempenhamos nossas atividades de rotina, como se estivéssemos adormecidos, sem consciência do que fazemos. 

Diariamente realizamos ações automáticas e elas são fundamentais para lidarmos com o mundo. Desligar o tal piloto automático é acordar, tomar consciência de padrões de pensamento e emoções. Com a interrupção das rotinas, vamos aprender a criar conexões neurais que nos permitam sair do automático.

Com essa mudança abrupta na dinâmica social, da perda do contato e da necessidade do excesso, desencadeamos os sentimentos de ansiedade, estresse, angústia, insegurança e medo, que podem se estender até mesmo após o controle do vírus.

O estresse

Um dos principais gatilhos para o surgimento do estresse é o sentimento de perda do direito de ir e vir, diretamente ligado ao isolamento social.

Esse sentimento ocasiona um estado de negação da gravidade da doença, e automaticamente leva as pessoas a desconsiderarem a importância do isolamento, e demonstram essa negação por meio de atitudes e comportamentos perigosos frente ao problema. Não usar a máscara, se negar ao distanciamento, entre outras atitudes.

Ansiedade e depressão

Existem diversos fatores que podem contribuir para manifestações ansiosas e depressivas em pessoas em isolamento social, ambos podem ser destacados como uma reação ao estresse.

A falta de controle do indivíduo em sua própria vida é constante, pois o contexto pandêmico não permite que saibamos o tempo preciso para a crise ser solucionada. Este sentimento de incerteza e alterações nos planos futuros individuais, além da separação brusca do ambiente social ou familiar, se tornam catalisadores constantes para o surgimento de sintomas de ansiedade e até mesmo depressão.

O que pensa o Jornal

Embora o isolamento social possa desencadear problemas de saúde mental em alguns casos que não tenham um acompanhamento psicológico adequado, ele é extremamente importante e ainda o único modo que temos para combater a disseminação do vírus.

É notório o sucesso do combate ao novo coronavírus nos países que conseguiram aderir ao isolamento social e o fizeram de maneira eficiente. O comportamento de seus gráficos epidemiológicos demonstram em números o sucesso do isolamento social no combate ao vírus e também deixou claro a importância na retomada econômica.

As ações e medidas de isolamento social devem ser transparentes e pautadas em evidências científicas, além de ser fundamental a unificação de políticas que tratem do isolamento social e criem subsídios que possibilitem a população a cumprirem as medidas. Diferentemente do que se vê no Brasil.

É notável que a principal barreira para adesão ao isolamento social é a desconfiança da população nas mediadas e a despreparada resposta de alguns líderes políticos que criam pandemônios e distorcem a real gravidade da doença, inclusive orientações da OMS. Atitude criminosa.

Fontes: blog psicologia viva / Fiocruz

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